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Ora, a insurreição é uma arte, exatamente como a guerra ou qualquer outro tipo de arte.
A insurreição submete-se a certas regras cuja inobservância conduz à ruína da parte que é por ela responsável.
Essas regras – conclusões lógicas, extraídas da essência das partes e das relações com as quais se tem de lidar em um tal caso, – são tão claras e tão simples que a curta experiência do ano de 1848 levou a que os alemães se tornassem bastante familiarizados com elas.
Em primeiro lugar, não se pode jamais jogar com a insurreição, caso não se esteja firmemente decidido a assumir todas as conseqüências do jogo.
A insurreição é um cálculo com grandezas altamente indeterminadas cujos valores podem-se modificar, a cada dia.
As forças do adversário possuem todas as vantagens da organização, da disciplina e da autoridade tradicional, situadas do seu lado.
Não sendo possível confrontá-las com forte superioridade, o resultado é a derrota e a aniquilação.
Em segundo lugar, tendo-se uma vez tomado o caminho da insurreição, há de se agir com a maior resolução e assumir a ofensiva.
A defensiva é a morte de toda e qualquer insurreição armada.
Essa última já resulta perdida, ainda mesmo antes de ter medido suas forças como as dos inimigos.
Surpreende teu adversário, enquanto as forças por ele detidas encontram-se ainda dispersas;
Providencia, diariamente, a obtenção de novos êxitos, ainda que sejam tão pequenos ;
Mantém do teu lado a superioridade moral que o êxito inicial da insurreição te concedeu ;
Arrasta os elementos vacilantes para o teu lado, os quais seguem sempre o impulso mais forte e sempre se alinham do lado mais seguro ;
Força teus inimigos a recuarem, antes mesmo que possam reunir suas forças ;
Para usar as palavras de Danton, o maior mestre de tática revolucionária conhecido até o presente momento :
De l’audace, encore de l’audace, toujours de l’audace!
Audácia, mais audácia e ainda sempre mais audácia!